Com aparelho desenvolvido na UnB, usuário poderá escolher o que ouvir. Novidade está em fase de testes, mas irá fornecer melhora na qualidade de vida.
Um novo aparelho auditivo capaz de selecionar um som específico que o usuário queira ouvir, melhorando sua qualidade de vida em ambientes com muitos ruídos, está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB). A novidade ainda está em processo de construção do protótipo, mas deve permitir no futuro que um aluno em sala de aula, por exemplo, escolha a direção de sensibilidade da prótese para a voz da professora. Deste modo, mesmo que ela ou o aluno se movam, o aparelho “ressaltaria” sua voz, eliminando outros barulhos. “Na prótese convencional, o aparelho amplifica todos os sons. A idéia é que o usuário possa escolher qual locutor quer ouvir. Em simulações, ele funciona. Vamos agora para a aplicação prática, tentando contornar problemas como qualidade, tipo de processamento, tempo e tamanho”, disse ao G1 Ricardo Zelenovsky, professor adjunto do Departamento de Enegenharia Elétrica da UnB, coordenador do projeto, que também conta com a participação de alunos.
A construção do aparelho é baseada em uma série de microfones, com um certo espaçamento entre eles. O som, uma onda que se propaga pelo ar, chega com variedades de atraso aos microfones, dependendo de sua direção. Por eles, é possível construir um algoritmo que deixa passar sinais com determinados atrasos e rejeita os dos demais -- o sinal escolhido fica melhor do que os outros. Por isso, o sistema seria melhor para ambientes nos quais o usuário quer escutar apenas uma fonte de som.
O conceito não é novo, mas o pesquisador desconhece próteses auditivas no mercado com essa aplicação. Segundo ele, o aparelho provavelmente poderia ser utilizado por todas as pessoas que utilizam as próteses convencionais.
Limitações
Um dos problemas para sua aplicação é o tamanho -- os microfones pedem um espaçamento que está relacionado com a qualidade do som. “O equipamento ideal seria grande para a utilização no dia-a-dia. Por isso, vamos partir desse tamanho necessário e ir diminuindo, verificando as perdas de qualidade e vendo se isso vale à pena”, explica Zelenovsky. A intenção da equipe e incorporar o aparelho a um objeto comum, como óculos. “Deste modo, o usuário poderia, por exemplo, olhar para a fonte de som escolhida, acionar um dispositivo, e então a prótese passaria a privilegiar as ondas vindas desta direção.”
O seguimento do som é outra questão que merece destaque. Mesmo conseguindo determinar a fonte escolhida, há problemas para segui-la se ela estiver em movimento, no caso de um professor na sala de aula. Além disso, o sistema também deve conseguir acompanhar o locutor mesmo que a base mude de posição -- no mesmo exemplo, seria necessário continuar seguindo a voz do professor, mesmo que o aluno se movesse. “Em testes, já conseguimos a primeira etapa, seguir o som com a base parada. Mas continuamos em processo de desenvolvimento”, explica o professor.
O novo aparelho auditivo ainda está em processo de desenvolvimento e não há prazo para seu lançamento, devido à necessidade de financiamento. Zelenovsky afirma que o projeto está sendo direcionado para a construção de um dispositivo de preço acessível -- porém, devido à sua complexidade, o valor deve ser superior ao das próteses atualmente utilizadas.
domingo, 13 de maio de 2007
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